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Dor pós-AVC: Quais são os tipos e os tratamentos indicados?

A dor pode ser uma das sequelas do AVC e não deve ser banalizada.

Até metade das pessoas que sofreram de um AVC podem desenvolver dor crônica, que pode ser limitante e que impactar na sua qualidade de vida e funcionalidade. Em alguns casos, ela pode surgir logo nas primeiras semanas após o acidente vascular cerebral ou pode demorar até meses para aparecer.

A questão é: se não for tratada adequadamente ela pode provocar sofrimento, dificultar a reabilitação e desencadear outros problemas como:

  • Distúrbios do sono.
  • Ansiedade e depressão.
  • Dificuldade de mobilidade.
  • Aumento das chances de outras complicações como pneumonia e infecções.
  • Maior propensão a quedas e fraturas.
  •  

    Veja agora quais são as principais condições que afetam essas pessoas:

  • Dor neuropática central após acidente vascular cerebral (CPSP).
  • Síndrome de dor complexa regional.
  • Dor associada à espasticidade.
  • Dor por subluxação do ombro hemiplégico.
  •  

    Cada uma apresenta características específicas, vamos saber mais sobre elas? Continua aqui.

     

    Tipos de dores pós-AVC

     

    Dor neuropática central após acidente vascular cerebral (CPSP)
    Causada por um dano no sistema nervoso central, como é o caso do AVC, é frequentemente descrita como uma dor em queimação, frio doloroso ou choques nas áreas afetadas. Ela ainda pode vir associada com sintomas de dormência, formigamento e coceira locais.

    A sensibilidade nesses casos pode ser maior e causar uma reação desproporcional aos estímulos dolorosos, e até mesmo um leve toque pode gerar um grande desconforto. O tratamento costuma ser feito com os seguintes medicamentos:

  • Amitriptilina, duloxetina ou venlafaxina (antidepressivo).
  • Gabapentinoides ou lamotrigina (anticonvulsivantes).
  • Opióides (tramadol).
  •  

    Quando eles não alcançam o efeito desejado é possível tentar a estimulação magnética transcraniana.

     

    Dor associada à espasticidade

    Por volta de 40% das pessoas que sofrem um AVC podem ter espasmos e rigidez muscular, devido a espasticidade. A espasticidade é uma contração involuntária dos grupos musculares. Ela ocorre devido ao excesso de reflexo e pode causar contraturas, que além de muito dolorosas, aumentam o risco de complicações na pele e articulações.

    O tratamento pode envolver de forma isolada ou combinada: fisioterapia, terapia ocupacional, toxina botulínica e medicamentos. Na fisioterapia e na terapia ocupacional, os exercícios para alongar e promover mais flexibilidade são essenciais. Já a toxina botulínica pode também ser utilizada, pois age bloqueando a ação dos nervos no músculo e inibindo os espasmos. Relaxantes musculares podem ser indicados para facilitar os movimentos no dia a dia.

     

    Dor no ombro

    É uma das dores mais frequentes e costuma ocorrer no mesmo lado do corpo afetado pelo derrame. Podemos destacar dois tipos:

     

  • Subluxação do ombro hemiplégico
  • O AVC causa fraqueza muscular na região, o que afeta a estabilidade da articulação do ombro e facilita o seu deslocamento.

  • Capsulite
  • Também conhecida popularmente como ombro congelado. Quando isso ocorre, a pessoa pode perceber que o ombro fica mais rígido e sentir dor ao se movimentar.

     

    Para prevenir ambos os casos é preciso ter cuidado com a postura e ao movimentar braços e ombros. Algumas dicas para ajudar pacientes e cuidadores:

  • Não puxar a pessoa pelo braço afetado.
  • Evitar deitar sobre o lado acometido.
  • Quando a pessoa estiver sentada, colocar algum suporte para que o braço não fique sem apoio.
  •  

    O ponto central do tratamento é a reabilitação, para fortalecimento dos músculos do ombro e movimentação da articulação. Caso haja deslocamento, podem ser utilizadas bandagens ou suportes ortopédicos. Em alguns casos pode ser recomendado o uso de estimulação elétrica nos músculos. Analgésicos e antiinflamatórios podem reduzir a dor, mas só devem ser tomados com recomendação médica.

    Síndrome de dor complexa regional

    Dor em uma extremidade do corpo, sensibilidade intensa ao toque e ao frio, podendo gerar também alteração da coloração do local e comprometer a capacidade do movimento.

    O tratamento inclui fisioterapia, medicação e estimulação magnética transcraniana.

     

    Informações importantes para o processo de reabilitação pós-AVC

    O sucesso da reabilitação dependerá de vários fatores que envolvem desde a gravidade da lesão, passando pelo início do processo de reabilitação, o apoio de parentes, amigos e familiares até as adaptações na rotina da casa. Manter-se ativo e reforçar os bons hábitos são essenciais para que a recuperação aconteça da melhor forma.

    Ao contrário do que muitos pensam, a prática de atividade física é recomendada, mas sempre com a supervisão de um profissional capacitado para garantir que ela seja feita adequadamente, respeitando os limites do corpo de cada um e o seu tempo de evolução.

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    Além disso, uma a cada três pessoas que tiveram um AVC, terão outro. Ou seja, os cuidados são importantes não só para tratar as sequelas existentes como também para diminuir a possibilidade de que ele se repita.

    Para definir o melhor tratamento é importante que o indivíduo siga com acompanhamento multidisciplinar, que inclui os seguintes profissionais:

  • Neurologista.
  • Fisiatra.
  • Fisioterapeuta.
  • Terapeuta ocupacional.
  • Psicólogo.
  • Fonoaudiólogo.
  • Enfermeiros.
  • A partir de uma avaliação individual e de acordo com o tipo de dor relatada, toda a equipe médica em conjunto, irá traçar a melhor abordagem para aliviar o desconforto, assim como para diminuir o risco de complicações a longo prazo. O caminho da reabilitação pode ser longo, por isso, quanto antes começar, melhor.

    Além de todo o suporte e apoio médico, a persistência e a dedicação do paciente será fundamental para que as melhorias sejam alcançadas. Siga em frente, sempre em busca de sua qualidade de vida e autonomia.

     

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    Texto preparado em colaboração com Dr. Gabriel Kubota, coordenador do Centro de Dor e membro do grupo de cefaleia do Departamento de Neurologia do HC-FMUSP, e médico do Centro de Tratamento de Dor do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e neurologista do Instituto Neurolum.

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