A enxaqueca acomete mais de 1 bilhão de pessoas no mundo e 31 milhões de brasileiros
Antes de entrarmos direto na relação entre o consumo de álcool e a enxaqueca, vamos entender um pouco melhor o contexto dessa doença que é tão comum e que merece bastante atenção.
A enxaqueca é uma doença neurológica e que tem como principal sintoma: a dor de cabeça. Apesar de comum, a dor de cabeça não é o único sintoma da condição, e ela pode levar a intolerância à luz, sons e cheiros. Em muitos casos, ela é incapacitante e prejudica as atividades diárias do indivíduo.
A enxaqueca é chamada de crônica quando provoca dores de cabeça em 15 ou mais dias por mês, durante três meses seguidos. Os principais sintomas da enxaqueca são:
Estima-se que o Brasil, a cada ano, arque com um prejuízo de cerca de R$67 bilhões devido à perda de produtividade em função da doença.
O que causa a enxaqueca?
A genética é o principal fator de risco para o desenvolvimento desta doença. Se você tem um histórico de casos de enxaqueca na família, terá mais chances de desenvolver o quadro.
No entanto, fatores ambientais também podem contribuir tanto para que a enxaqueca ocorra, como também para que as dores provocadas por ela se tornem mais frequentes.
Dentre os fatores que estão relacionados a uma maior frequência de dores de cabeça por enxaqueca, podemos citar:
E o álcool? Aonde ele entra nessa história?
Cerca de um terço das pessoas com enxaqueca relaciona o consumo do álcool com a ocorrência das dores. A razão para esta relação ainda é estudada, mas há duas principais possibilidades.
O consumo de álcool, especialmente em grandes quantidades, leva ao aumento da produção de urina pelo corpo. Isso pode provocar desidratação, e esta última pode propiciar crises de enxaqueca.
Por outro lado, o álcool tem efeito de dilatação dos vasos da cabeça. E isso também pode desencadear dor em algumas pessoas.
A intensidade da dor costuma ter relação com a quantidade de álcool consumida.
Mas então, podemos dizer que para quem tem enxaqueca é proibido beber?
A questão envolve sempre o equilíbrio. Quando o consumo é feito de forma saudável e moderada, em geral ele não causa tanto impacto.
No entanto, se uma pessoa está em um período de crise de dor, recomenda-se que nesse momento, o consumo seja reduzido.
Como é feito o tratamento?
O tratamento da enxaqueca pode ser agudo ou preventivo. Durante uma crise, são administrados medicamentos com o intuito de aliviar os sintomas e restaurar o bem-estar do indivíduo. Normalmente recomenda-se o uso de:
É importante ressaltar que a escolha da melhor medicação para cada pessoa depende de uma avaliação médica adequada.
O que muita gente não sabe é que é possível agir de forma preventiva para aumentar o intervalo entre as crises e torná-las menos intensas.
Para isso, a pessoa deve fazer um acompanhamento médico regular com um neurologista e seguir as orientações corretamente.
A doença é uma só, mas cada pessoa é única e pode ter diferentes experiências relacionadas à dor.
Por isso, uma recomendação frequente dos especialistas na área é que os pacientes façam um diário da dor, que nada mais é do que registrar todas as informações sobre ela: intensidade, frequência em que ocorre, horário em que sente a dor e tempo de duração. Esses dados ajudam a definir o melhor protocolo de tratamento.
Além do tratamento medicamentoso convencional, a abordagem preventiva pode incluir a prática de exercícios físicos e mudanças no estilo de vida.
Em suma, o enfrentamento eficaz da enxaqueca requer uma abordagem ampla, que vai desde o entendimento dos fatores que contribuem para as crises até a implementação de estratégias personalizadas de tratamento, visando proporcionar alívio e melhorar a qualidade de vida daqueles que enfrentam essa condição desafiadora.
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Texto preparado em colaboração com Dr. Gabriel Kubota, coordenador do Centro de Dor e membro do grupo de cefaleia do Departamento de Neurologia do HC-FMUSP, e médico do Centro de Tratamento de Dor do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e neurologista do Instituto Neurolum.