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Entendendo as doenças desmielinizantes

O que são as doenças desmielinizantes? 

As doenças inflamatório-desmielinizantes do sistema nervoso central (SNC) são doenças autoimunes que afetam determinada estrutura dos neurônios, chamada bainha de mielina. 

A bainha de mielina é responsável por facilitar a passagem das mensagens elétricas através dos neurônios, assim, as informações passam de maneira rápida e normal.  

Existem algumas doenças que podem afetar essa estrutura, a mais conhecida entre elas é a Esclerose Múltipla (EM). Neste texto vamos falar sobre a EM e outras doenças desmielinizantes do SNC. Acompanhe: 

 

Esclerose múltipla 

A EM é uma doença autoimune, inflamatória e degenerativa que afeta o cérebro, a medula espinhal e os nervos ópticos. É mais frequente em mulheres entre 20 e 40 anos.  

Nesta patologia, o sistema imune se confunde e produz lesões que podem gerar sintomas na forma de surtos (sintomas que duram dias a semanas e depois podem desaparecer ou deixar sequelas).  

Por exemplo, quando estas lesões ocorrem no nervo óptico temos a neurite óptica, com visão embaçada e dor ao mover os olhos; quando ocorrem na medula espinhal podemos ter a mielite, com dormência, formigamentos e fraqueza.  

Existe uma diversidade de sintomas, tanto nos surtos, quanto entre os surtos, como: 

  

  • Visão dupla; 
  • Neuralgia do trigêmeo (dor intensa na face); 
  • Desequilíbrio; 
  • Fadiga; 
  • Dificuldade de atenção e memória; 
  • Falta de controle da bexiga; 
  • Piora dos sintomas no calor, dentre outros.  

O diagnóstico envolve anamnese, exame neurológico e alguns exames complementares, como ressonância, líquor e exames laboratoriais.  

Felizmente, existem mais de 10 opções de tratamento para frear esta doença e proporcionar uma boa qualidade de vida aos pacientes. Sempre consulte um especialista!
 

Neuromielite Óptica (NMO) 

O transtorno neurológico, também conhecido como Doença de Devic, é chamado Neuromielite Óptica (NMO).  

A NMO é um transtorno neurológico autoimune que por ser uma doença rara, nem sempre é conhecida pelas pessoas. Por muito tempo, foi conhecida como um subtipo ou “variante” de Esclerose Múltipla, mas hoje sabemos que são condições diferentes, que possuem abordagens e tratamentos distintos!  

Como seu próprio nome sugere, acomete tipicamente o nervo óptico (neurite óptica) e na medula (mielite). Deste modo, pode ocasionar sintomas visuais, como: 

 

  • Visão borrosa; 
  • Dor ocular; 
  • Manchas na visão; 
  • Sintomas sensitivos (formigamento e dormência em membros) e motores (perda de força e destreza em membros, dificuldade para andar). 

Entretanto, também pode acometer outras regiões do sistema nervoso central, como uma região chamada “área postrema” no bulbo (na transição entre cabeça e pescoço), e outras regiões como o diencéfalo e regiões periventriculares, de identificação mais específica do especialista ao ver uma ressonância. 

As lesões ocorridas nesta desordem são resultantes da produção de um anticorpo chamado anti-aquaporina-4, e de uma sequência de processos inflamatórios, que resultam no dano de células chamadas astrócitos, e uma desmielinização (perda da mielina) secundária muito importante. 

Os surtos desta doença, se reconhecidos prontamente, são potencialmente tratáveis, assim como é possível oferecer tratamentos preventivos de futuros surtos, de forma individualizada. 

Além disso, é uma doença que necessita de uma ampla abordagem multidisciplinar. Os pacientes acometidos por esta doença são verdadeiros guerreiros que ensinam muito a nós profissionais de saúde, através de suas desafiadoras histórias.
 

Encefalomielite aguda disseminada (ADEM) 

ADEM é uma outra doença inflamatória autoimune que causa um transtorno chamado “encefalopatia”, nesses casos, ocorre o comprometimento do nível e conteúdo de consciência, juntamente com sintomas focais, como: 

  • Fraqueza;  
  • Dormência;  
  • Formigamentos; 
  • E falta de coordenação. 

Geralmente, ocorre em crianças, sendo mais frequente após as vacinas. O diagnóstico também inclui o histórico do paciente, exames neurológicos e complementares, como RM e Líquor! Em alguns casos, é possível encontrar o anticorpo anti-MOG, descrito no próximo tópico.  

O tratamento envolve altas doses de corticoides durante os surtos, que em sua maioria não se repetem! Quando se repetem, usamos imunossupressores.
 

Doença Associada ao Anticorpo Anti-MOG 

A doença associada ao anticorpo anti-MOG é também um espectro de diversas manifestações neurológicas autoimunes. 

As principais são: 

  • Neurite óptica recorrente; 
  • Neurite óptica bilateral; 
  • Mielites (desde extensas até as de cone, que fica no final da medula) 
  • ADEM (uma doença mais frequente na infância, já citada no tópico anterior); 
  • Síndromes de tronco encefálico; 
  • Encefalites. 

É mais frequente em pacientes jovens, e possui um acometimento similar entre ambos os sexos. Os surtos são mais leves que na NMOSD por anti aquaporina 4.  

Esses casos também são tratados com imunossupressores (casos recorrentes, graves ou com anticorpo que continua positivo no sangue).
 

Conclusão 

As doenças desmielinizantes, como a EM, são a segunda principal causa da incapacidade neurológica em adultos jovens! Deste modo, o diagnóstico e tratamento precoces são uma chave essencial para prevenir qualquer incapacidade.  

Na presença dos sintomas de qualquer uma destas doenças desmielinizantes, consulte um neurologista especialista!
 

Responsável Técnico: 

Dr. Mateus Boaventura 

Neurologista do Instituto Funcionalitá  

Especialista em Esclerose Múltipla e Doenças Desmielinizantes
 

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