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Neuropatia periférica é reversível?

Antes de tudo, precisamos entender o que é neuropatia, quais seus subtipos e suas causas, para então adentrar nos tratamentos atuais e em desenvolvimento para cada neuropatia em específico.

O que é neuropatia periférica?

Dividimos o sistema nervoso em central (cérebro e medula espinhal) e periférico (raízes, gânglios, nervos, músculo).

Neuropatia periférica é um termo genérico que indica lesão dos nervos do nosso sistema nervoso periférico.

Os nervos têm como função transmitir informações – como cabos elétricos que carregam energia. Há um centro que conduz a energia propriamente (axônio) e a capa isolante (mielina) que faz o sistema ser ainda mais rápido e eficaz.  

Assim se faz comunicação entre sistema nervoso central e periférico!

E para cada sensação de dor, temperatura, toque, posição corporal e articular, força motora, funções autonômicas, existe um nervo específico!

Quais tipos de neuropatia existem?

Como já dito, há uma gama de nervos com características próprias e funções específicas. Então, a depender de qual ou quais acometidos, o tipo de neuropatia será diferente.

Podemos classificar as neuropatias periféricas de várias formas:

  • Quantidade de nervos acometidas:
  • Mononeuropatia: apenas 1 nervo;
  • Moneuropatia múltipla: vários nervos, de forma assimétrica;
  • Polineuropatia: vários nervos acometidos de forma parecida e simultânea.
  • Tipo de função acometida:
  • Motora;
  • Sensitiva;
  • Sensitiva e motora;
  • Autonômica (simpático e parassimpático).
  • Tempo de doença:
  • Aguda – até 1 mês;
  • Subaguda – 1 a 2 meses;
  • Crônica – mais de 2 meses.

Quais as causas de neuropatias periféricas?

Há causas adquiridas — que surgem ao longo da vida devido a um conjunto de fatores externos — e aquelas hereditárias — geneticamente herdadas.

Ainda assim, apesar de investigação ampla, não conseguimos descobrir em alguns casos o que causou a disfunção — as chamadas neuropatias idiopáticas.

  • Adquiridas:
  • Traumáticas – acidentes, cirurgias
  • Compressivas – síndrome do túnel do carpo
  • Tóxicas – álcool, medicamentos
  • Metabólicas – diabetes, doenças da tireoide
  • Infecciosas – hanseníase, hepatites
  • Autoimunes – polirraculoneurite inflamatória crônica (CIDP), associada a doenças reumatológicas
  • Hereditárias
  • Charcot-Marie-Tooth – principal representante do grupo
  • Componente de outras síndromes e doenças genéticas

Como se faz o diagnóstico?

Através de uma boa avaliação médica, que é essencial para a solicitação dos exames complementares corretos!

Na consulta, a avaliação minuciosa das queixas, sintomas e tempo de evolução irá guiar o exame neurológico.

A partir daí, podem ser indicados alguns exames como eletroneuromiografia, ultrassom de nervos, exames de sangue e urina para esclarecer o diagnóstico.

Caso exista suspeita de doença genética, também existem os teste genéticos que podem ser utilizados.

 

E, por fim, qual o tratamento? Podemos reverter o quadro?

O tratamento depende da causa encontrada para a sua neuropatia.  

É fundamental entender que os nervos podem sim se regenerar, mas isso acontece de forma muito lenta e nem sempre 100% eficiente. O processo pode levar meses a anos e depende da gravidade da lesão.

Então, fazer o diagnóstico correto e iniciar o tratamento rápido melhora muito as chances de recuperação.

No entanto, alguns tipos de neuropatia podem não ser totalmente revertidos e o foco será evitar a progressão.

Para citar alguns casos:

  • Lesões traumáticas ou compressivas podem ter benefício de cirurgia. A depender da gravidade e do início do tratamento, as chances de recuperação são excelentes.
  • Neuropatia pelo diabetes se instala ao longo de muitos anos da doença e pode afetar inclusive a capacidade do nervo se regenerar. O controle da pressão arterial, do colesterol e açúcar no sangue pode desacelerar e muito sua progressão. Por isso, desde cedo, cultive hábitos saudáveis – procure ajuda para parar de fumar e faça atividade física!
  • Neuropatias por deficiência de vitaminas como a vitamina B12 podem ser completamente revertidas com o diagnóstico e o tratamento precoce.

A mensagem final é: quanto mais cedo buscar ajuda, maior as chances de melhorar!

Responsável Técnico:

Dra. Michelle Abdo Paiva

Neurologista Clínica e Neuromuscular pelo HC-FMUSP

CRM 191302, RQE 94288

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