A epilepsia é uma condição neurológica comum, caracterizada pela ocorrência de crises epilépticas, que se repetem a intervalos variáveis em crianças ou em adultos. Essas crises são as manifestações clínicas de uma descarga anormal de neurônios, que são as células que compõem o cérebro.
Existem vários tipos de crises epilépticas, cada uma com características diferentes. Um dos tipos mais comuns é a crise tônico-clônica, chamada habitualmente de “convulsão”. Esse tipo de crise é facilmente reconhecível, pois o paciente apresenta abalos musculares generalizados, sialorreia (salivação excessiva) e, muitas vezes, morde a língua e perde urina e fezes.
Outras crises, entretanto, podem não ser reconhecidas por pacientes, seus familiares e até mesmo por médicos, pois apresentam manifestações sutis, como alteração discreta de comportamento, olhar parado e movimentos automáticos.
As crises epilépticas são tratadas com o uso de medicações específicas, denominadas fármacos antiepilépticos. Há dezenas de fármacos disponíveis atualmente para o tratamento da epilepsia – mas nem todas comercializados no Brasil.
Antes de indicar a cirurgia como o tratamento mais adequado ao caso, o especialista avaliará o tipo de epilepsia, a região do cérebro envolvida/área do cérebro em que as convulsões se originam (denominadas foco epileptogênico), a fim de entender o impacto no cotidiano do paciente. É importante o acompanhamento e interação entre o neurologista clínico e o neurocirurgião para a tomada de decisão.
A cirurgia de epilepsia pode ser indicada quando constatado que os medicamentos não são capazes de controlar as convulsões, a fim de eliminá-las ou limitar sua gravidade.
Existem cirurgias onde é possível ressecar os focos das crises epilépticas (cirurgias ressectivas), como por exemplo a amigdalo-hipocampectomia, onde são removidas estruturas epileptogênicas em uma doença conhecida como esclerose mesial temporal. Outras cirurgias para desconexão da área epileptogênica dos tecidos sadios; e quando não possível ressecar ou desconectar, podemos modular e regular a atividade elétrica cerebral através de um estimulador cerebral implantada em um nervo na região do pescoço (estimulador de nervo vago).